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MACAQUINHOS

desbunde: deboche: degredo: ingênuo: vulgar: arcaico: frágil: íntimo: comum: construir uma fisicalidade a partir do cu: brincar de epistemologia do cu: parodiando: Macaquinhos assenta em três orientações: aprender que existe cu: aprender a ir para o cu: aprender a partir do cu e com o cu.

Macaquinhos is a piece that marked a tense moment in Brazil. It was the first in a series of other works fiercely attacked and censored. Thanks to contemporary technologies, excerpts from the play went viral reaching all social strata and regions of the country, provoking discussions about censorship, the destination of public funds for culture and the role of art in society. Until today memes are created referring to Macaquinhos, in the last presidential elections some candidates returned to speak of the play. With Macaquinhos the word "performance" entered the vocabulary of Brazilians and art was also seen as something dangerous.


Macaquinhos is a work that blurs contemporary dance and performance art using the metaphor of the anus as the South of the body. The colonized South, poor, dirty, without knowledge, subjugated to the norms of the North. The play discusses several themes such as horizontality, decentralization of power, knowledge production, pornography, hierarchy and collectivity.
 

The work was created in 2011, based on the book “O povo brasileiro” by Darcy Ribeiro, in Teresina, and features notes found in the book "Epistemologies of the South” by Boaventura de Sousa Santos, during its development and premieres in São Paulo, in 2014 .

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MACAQUINHOS é: Andrez Lean Ghizze, Caio, Dani Barra, Fernanda Vinhas, Kupalua, Luiz Gustavo, Marine Sigaut, Rosangela Fagundes Sulidade, Teresa Moura Neves.

 

Também participaram desse projeto: Ana Carolina Pires, Alzira Incendiária, Carolina Castanho, Rafa Amambahy, Serguei Dias, Mavi Veloso, Yang Dallas, Guilherme Godoy


Agradecimentos: Núcleo do Dirceu, COMO_clube, Fabio Morais, Casa Amarela, Gustavo Saulle, Casa do Povo, Casa da Luz, Carolina Bianchi, Juliana Moura, Tomaz de Aquino e Wagner schwartz.

"Uma das buscas que tem movido especialmente as práticas artísticas é a da superação da anestesia da vulnerabilidade ao outro, própria da política de subjetivação em curso. É que a vulnerabilidade é condição para que o outro deixe de ser simplesmente objeto de projeção de imagens pré-estabelecidas e possa se tornar uma presença viva, com a qual construímos nossos territórios de existência e os contornos cambiantes de nossa subjetividade."

Suely Rolnik

 

Macaquinhos foi criado a partir do livro “O povo brasileiro” de Darcy Ribeiro, em residência artística no Núcleo do Dirceu, Teresina\PI, em 2011. Desde de então serviu de espaço colaborativo entre artistas com formações distintas, em sua maioria pesquisadores da dança contemporânea e da performance arte. A partir de 2015 Macaquinhos fixa o seu elenco com os performers Andrez, Caio, Daniel, Fernanda, Iaci, Luiz, Rafael, Teresa e Yuri.

 

A obra investiga a metáfora do cu como “hemisfério sul” do corpo, numa tentativa de subverter a dominação hegemônica imposta pelas epistemologias do norte e a ficção criada do entendimento de que o que está em cima é mais importante daquilo que está embaixo. Ideia essa que “conduziu os primeiros cirurgiões e líderes religiosos a considerar o rabo humano algo de menor importância [...]. É pelo menos curioso entender como animalesca uma parte do nosso corpo, enquanto outras partes são aceitas como divinas” (Marcos Henrique Camargo).

 

A performance opera a partir das diretrizes apontadas pelo sociólogo Boaventura de Souza Santos no livro "Epistemologias do Sul”: aprender que existe, aprender a ir para, aprender com e a partir do sul/cu. Assumimos a pluralidade de uma identidade mestiça de negros, índios e europeus para afirmar que a arquitetura do corpo é uma entidade política. O ânus aqui torna-se caldeirão/fábrica de reelaboração do corpo, gerando um espaço horizontal aberto a outras experiências epistemológicas. Quando o ânus torna-se cu, deparamos-nos então com um obscuro intempestivo que precipita rotas, gestos e caminhos possíveis para outros modos de vida.

 

A dança organiza-se pelos dispositivos coreográficos: paquerar, expor, tocar, círculo e porosidade com o espaço e o público. Os estados corporais passam a ser investigados na construção de si através do outro, criando uma corrente de alteridade. Buscando por um corpo coletivo que esquiva de um líder, doutrina ou instância que hierarquize as relações em jogo, evitamos inclusive que a própria movimentação dos artistas acabe virando o centro e a autoridade, por isso a necessidade de reinventar-se, criando estratégias para não cristalizar numa estrutura fixa que determine os fluxos.

 

O pensamento coreográfico dá-se pelos saberes periféricos e pela resistência à produção disciplinar das formas, de modo que as contradições não cessam de produzir novos entendimentos e novos paradigmas. Nosso desafio é construir um corpo coletivo de interesses comuns: o equilíbrio entre as forças sem perder as tensões contraditórias, um ambiente de acolhimento e cuidado, respeito com as singularidades, aprender com as fragilidades para fortalecer o coletivo, promover a horizontalidade das funções, aprender com o outro, reconhecer o outro como si mesmo…

 

O cu que surge no processo de fragmentação do corpo heterocentrado como um dos primeiros órgãos a ser privatizado e colocado "fora do campo social”, aqui se expressa e promove o trânsito entre as contradições e tensões da formação cultural imperativa, pós-colonial e contemporânea. "Está aqui, por tanto, o ânus apresentado como analogia clara de um dispositivo de combate, disponível às epistemologias do sul, frente à dominação hegemônica imposta pelas epistemologias do norte, visando uma sociedade mais justa, e consequentemente melhor" (Pedro Paulo Gomes Pereira).

Repercussão

Macaquinhos é um trabalho concebido por Caio, Mavi Veloso e Yang Dallas durante a residência artística no Núcleo do Dirceu, em Teresina – PI. O projeto nasceu em 2011 como uma intervenção no Museu do Piauí. Teve também alguns desdobramentos em 2013 dentro do contexto da residência artística Jardim Equatorial no COMO-clube, em São Paulo – SP. Em 2014, a partir do convite do artista Fabio Morais, Macaquinhos aconteceu dentro da instalação "Modelo Vivo" na Galeria VERMELHO durante a 10ª edição da Mostra de performance VERBO e, nesse mesmo ano, participou do 22º Festival Mix Brasil da Diversidade no Centro Cultural São Paulo registrando recorde de público em 22 anos de existência.

 

A partir da exposição dos vídeos de Macaquinhos na internet, o trabalho ganhou notoriedade e teve surpreendente repercussão midiática [conteúdo disponível em http://themacaquinhos.tumblr.com/]. São milhares de comentários e discussões a partir de websites nacionais, internacionais e perfis institucionais no Facebook, citações em programas de tv, sites e blogs e mais de um milhão de visualizações de um dos vídeos oficiais no Vimeo.

 

No ano de 2015, Macaquinhos foi apresentado na Mostra Sesc Cariri de Culturas na cidade de Juazeiro do Norte - CE. Essa apresentação gerou outra onda de manifestações virais na internet, desta vez em tom de denúncia, questionando a legitimidade dos financiamentos públicos culturais, o que em contrapartida trouxe posicionamentos de diversos perfis e veículos de comunicação em apoio às manifestações artísticas que buscam problematizar arcaicos tabus em relação ao corpo, nudez, produtividade cultural, etc.  

 

Em 2016 foram realizadas cinco apresentações nas cidades de Hamburgo e Frankfurt dentro do festival Projeto Brasil, na Alemanha. À convite do Mousonturm, foi elaborada uma performance-lecture para participar de um dia de debate ao lado dos principais artistas contemporâneos nacionais e internacionais da dança e performance. No mesmo ano, participa ainda na décima edição do IC - Encontro de artes em Salvador - BA, apresentando de madrugada no Espaço Cultural da Barroquinha. Em 2017 apresentou no Fest Wochen em Vienna e na Casa do Povo. Foram realizadas quatro apresentações em Brusselas, no Kunsten FestivalDesArts em maio de 2018.

Falaram sobre

O que abunda não falta, Wagner Schwartz, 21.11.14 https://www.wagnerschwartz.com/single-post/2014/11/21/O-que-abunda-n%C3%A3o-falta  

 

Sobre Macaquinhos e a Mostra SESC Cariri de Culturas : Arte ou uma básica pegação pública com cachê ?, José Aquino, 20.11.15, https://www.facebook.com/tomaz.deaquino.5/posts/10200809628000309?__tn__=K-R  

 

Macaquinhos e o ódio ao sexo, 21.11.15 http://beta.idanca.net/macaquinhos-e-o-odio-ao-cu/  

 

Projeto Brazil : Tropicalypse now, Felipe Ribeiro, Junho 2016, https://www.kampnagel.de/en/program/macaquinhos/?datum=&id_datum=4551  

Residência OPEN CU

Macaquinhos é um trabalho que sempre demonstrou a coragem de existir independente das dificuldades institucionais e comerciais. Ou seja, por ter o cu como seu assunto, sempre soubemos que seria difícil ser selecionado por festivais, ser aprovado em editais, conseguir patrocínio, conseguir apresentar.

Essas dificuldades sempre foram motores para criação e realizações de Macaquinhos. Mesmo as perseguições e rechaçamentos, que ainda sofremos na internet e redes sociais, paradoxalmente fomenta a manutenção da existência de Macaquinhos no imaginário da nossa sociedade.

Estamos conscientes que não somos os únicos que nos últimos anos viemos abrindo espaço e construindo novos lugares. Há uma cena resistente e pulsante nas festas, produções feministas, LGBTQ+, negra, pós-porno que torna nossas vidas mais interessante e crocante.

Diante dos fatores sociais que geram opressão tais como o resultado das eleições de 2018 e o empoderamento de machistas, misóginos, racistas, homofóbicos, classistas, se apresenta um desafio para nós: como potencializar nossas existências?

A partir dessa inquietação surgiu o desejo de nós, integrantes de Macaquinhos, em abrir o trabalho para pessoas que tenham vontade de fazê-lo, a fim de construir um gesto coletivo em defesa de existências dissidentes.

ESSA ABERTURA SE DARÁ DA SEGUINTE MANEIRA:
# UMA MINI-RESIDÊNCIA onde compartilharemos práticas que o grupo de Macaquinhos veio desenvolvendo durante seus 4 anos de existência. Essas práticas são entendidas como exercícios-tecnologias de estar junto a partir do cu.

Formato : 20 vagas / 10 dias 4 horas / 1 dia de apresentação total 1h

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